5.18.2007

Este é bonito. Ao lê-lo consigo imaginar o Álvaro de Campos, nesta ansiedade nocturna, espiando, esperando... Será que há mais pessoas assim? Serei um dia assim? Espero que não.
Enjoy it!
Catarina

Começa a haver meia-noite, e a haver sossego,
Por toda a parte das coisas sobrepostas,
Os andares vários da acumulação da vida...
Calaram o piano no terceito-andar...
Não oiço já passos no segundo-andar...
No rés-do-chão o rádio está em silêncio...
Vai tudo dormir...
Fico sozinho com o universo inteiro

Não quero ir à janela:
Se eu olhar, que de estrelas!
Que grandes silêncios maiores há no alto!
Que céu anticitadino!
Antes, recluso,

Num desejo de não ser recluso,
Escuto ansiosamente os ruídos da rua...
Um automóvel! - Demasiado rápido!
Os duplos passos em conversa falam-me...
O som de um portão que se fecha brusco doi-me...
Vai tudo dormir...
Só eu velo, sonolentamente escutando,

Esperando
Qualquer coisa antes que durma...
Qualquer coisa.
Álvaro de Campos, 9-8-1934

5.14.2007

Contorno

Estou feliz!


Encontrei uma forma de aqui escrever! Vou escrever e copiar textos e imagens que gosto, que mexem qualquer coisinha, boa ou má. Talvez os comente! Assim, poxo postar. Assim, afinal, não é uma despedida!


Começo então com um poema d'uma senhora chamada Florbela Espanca, chamado "Amar"



Amar!Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: aqui... além...
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!
Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?

Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder... pra me encontrar





Bjs, Catarina...

5.06.2007

Despedida ?

A pedido de um meu amigo, venho postar.



Ele reclamou, gozou comigo, pôs-me nos "preguiçosos", fez tudo e mais alguma coisa.

Mas eu não conseguia postar, não tinha pica. Não vejo o blog como algo secreto, visto que toda a gente pode ver, e por isso, também não o considero diário, pois é algo k não se partilha.



Hoje vi uma coisa muito bonita desse meu amigo: ele escreveu-me uma carta, através do blog. Fiquei a pensar que afinal com blog também se podem fazer coisas bonitas, mesmo podendo qualquer um ver. Eu gosto de ver os blogs, a sério! E vejo sempre que posso (não é muito, mas mantenho-me actualizada). Comento, quando o teu blog não embirra comigo, vejo os filmes, leio-te os pensamentos, os sentimentos, os sentidos.



Também eu os demonstro assim, embora tenha mais facilidade em falar. Mas a diferença é que tu só escreves e escreves para quem quiser ver e eu não consigo. Eu escrevo e falo mas é só para quem eu quero que veja, para quem eu quero que ouça, para os escolhidos. E tu sabes que são poucas as pessoas.



Por isso não quero que leves a mal, nem que fiques triste ou xateado. Porque se ficares, eu escrevo-os. Mas não me dão o gozo que te dão a ti. Não puxam por mim. Não seriam feitos com aquele sentimento que eu imagino fazeres os teus. Então, se queres mesmo que eu volte a postar, diz-me, não te acanhes. Eu posto. Mas nunca os meus textos! talvez imagens, colapsos, frases. As coisas mesmos boas dou-tas em mão, como sempre.



Espero que continuem a escrever coisas bonitas, para que eu possa ler, chegar a vocês, sorris ou chorar, perceber-vos.



Beijos grandes, até sempre


Reconstrução